quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Portugueses patenteiam gelatina iónica
Trabalho de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia e do Instituto
Superior Técnico


Químicos portugueses descobriram por acaso um novo material, a que chamaram gelatina iónica,
que permite desenvolver dispositivos electrónicos - como baterias e células de combustível - mais
baratos e mais amigos do ambiente. Transparente e maleável, o novo material foi produzido a
partir da dissolução de gelatina num líquido iónico, uma solução constituída por iões com cargas
negativa e positiva.

A descoberta, já patenteada, resultou de um trabalho conjunto de investigadores da Faculdade de
Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Nova de Lisboa e do Instituto Superior Técnico (IST)
cujas conclusões foram publicadas no último número da revista científica britânica "Chemical
Communications". O grupo da FCT é dirigido por Susana Barreiros, sendo o do IST por Carlos
Afonso.


"Estávamos à procura de um material que fosse um bom ambiente para as enzimas, que as
imobilizasse e melhorasse o seu desempenho", recordou um dos autores do estudo, Pedro
Vidinha, da FCT. "Sabíamos que os líquidos iónicos davam essa possibilidade, permitindo
imobilizar as enzimas num ambiente físico", mas essa linha de investigação não produziu os
resultados desejados e foi temporariamente abandonada - acrescentou.

Poderia o líquido iónico ser condutor?

Sem desistir, os cientistas procuraram outros caminhos. "Já que tinha iões quisemos saber se o
líquido iónico podia ser condutor e verificámos que era não só condutor de iões como de
electrões", contou Pedro Vidinha. Os investigadores decidiram dissolver gelatina nesse líquido
iónico e verificaram que este gelificava e se mantinha estável no estado sólido, mesmo sob
aquecimento.

"Comparámos então este novo material com os outros condutores e constatámos não
só que era tão condutor como eles, como era mais barato, mais leve, mais fácil de trabalhar
e mais ecológico, por ser biodegradável", explicou.

Assim, o facto de poder assumir várias formas, desde um bloco compacto a uma fibra ou um filme
fino - e poder incorporar substâncias solúveis ou insolúveis em água, permite a sua aplicação tanto
em pilhas como em células de combustível e células fotovoltaicas de nova geração.

"Nas pilhas, por exemplo, a gelatina iónica pode funcionar como electrólito e como eléctrodo
e, dadas a sua versatilidade, permite construir uma pilha em qualquer superfície, até numa
folha de papel, por exemplo, bastando para isso imprimir o electrólito e os dois eléctrodos",
disse o investigador.

Aplicações do produto

A equipa trabalha agora noutras aplicações, procurando tirar todo o partido do novo material,
nomeadamente no campo da biotecnologia, como em bio-sensores da glucose, voltando assim às
enzimas, mas também em compostos farmacêuticos e cosméticos.

Este projecto científico vai ser apresentado em breve nos Estados Unidos, em representação da
COTEC Portugal, num concurso de ideias chamado Idea to Poduct, que decorrerá entre 30 de
Novembro e 1 de Novembro em Austin, Texas.

http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=28168&op=all#cont

Postado por : Patrick Trevizani Barbosa

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